Muitos devem se perguntar por que móveis tão estranhos como os dos irmãos Campana fazem tanto frisson no mundo do design, principalmente se for um designer gráfico como eu. A resposta é um tanto quanto simples, estamos nos baseando somente em um dos nossos sentidos, a visão. Uma “Campana” não foi feita para ser só apreciada, acima de tudo é uma poltrona/cadeira e deve ser “sentada” aí sim você vai achar estranho, que algo tão fora do comum possa ser ainda confortável.
Esta é uma lição que muitos designers de interiores aprendem desde cedo, que o segredo de muitos projetos é sem dúvida a ergonomia, conhecer a estrutura humana e encaixá-la em móveis e ambientes não é tarefa tão fácil.
Esta interação do homem com o espaço já vinha sendo muito estudada na antiguidade, como é o caso de Leonardo da Vinci e o seu Homem Vitruviano abaixo, que é um exemplo excelente de ergonomia do homem com o espaço a sua volta.
É a velha história do homem que comprou uma cama pela internet e se arrependeu depois de sua primeira noite mal dormida. Nós como designers e consumidores, devemos sempre experimentar o mundo a nossa volta de maneira correta. Uma cama foi feita para deitar, então, deite nela para saber se é boa, o mesmo com sofás, poltronas e tudo o que você irá interagir em um espaço. A experiência sensorial é muito importante na hora da compra.
Grandes designers levam isso em conta, não só a beleza estética, como são os casos da Poltrona Egg e da Eames (ver abaixo), grandes símbolos do design de mobiliário e de interiores, elas são o que são não só porque são bonitas, mas porque são ergonômicas e usam materiais que causam uma experiência sensorial agradável ao comprador. Lembrem-se sempre disso.
Este é o segundo artigo que leio no Design on the Rocks, achei todos pertinentes, consistentes e racionais. Parabéns.